10 motivos para acreditarmos (ou não) em Thomaz Bellucci
Felipe Noronha
Me apaixonei por tênis de vez em 2013, quando comecei a fazer jogos constantemente ao trabalhar neste mesmo site que hoje hospeda o blog. Curtia e tal, mas comecei a estudar mesmo quando parou na minha mão e não mais larguei. Como dizem os amigos do Bola Presa, o melhor blog do mundo além do nosso, ao descobrir um esporte você escolhe alguém para torcer por identificação rápida, e a mais veloz é mesmo nacionalidade. E foi assim que, apesar de já acompanhar há anos, virei torcedor de vez de Thomaz Bellucci.
É claro que ele é ótimo tenista. Então, por que gera tanto ódio, principalmente de quem acompanha tênis só por resultados, não pelo jogo em sim? E por que quem acompanha mais de perto só argumenta que todo seu potencial não aparece, mas sabe que o jogo tá ali? Bellucci acaba de ganhar o título em Genebra, seu quarto na carreira, e nesta segunda estreia em Roland Garros. Vai longe? Difícil. Mas por que devemos acreditar nele daqui pra frente? E por que não?
10. Rankings ótimos (mas vive desabando)
Sabe o ''efeito sanfona'' existente em times de futebol, principalmente pequenos da Inglaterra e adjacências? Aquele time que numa temporada tá na primeira divisão, na outra na segunda, aí sobe de volta, cai logo em seguida…? Bellucci é isso. Sua inconstância o faz ser atual top 40, já ter sido n° 21 (SEGUNDO melhor ranking de um brasileiro na história,só atrás do Guga), mas também cair fora do top 100 direto, como ficou por um bom tempo entre 2013 e 2014, ou mesmo não ser o número 1 do Brasil por certos períodos, como no começo do ano (atrás de Feijão). O problema é que tenistas do top 50 dificilmente saem do top 100 tão facilmente como Bellucci. Nomes como Pablo Andujar, Jerzy Janowicz e outros ficam por ali mesmo sem resultados minimamente dignos constantes. Bellucci tem SEQUÊNCIAS péssimas. E aí complica.
9. 3° maior campeão do país (mas a sensação é de que poderia ser mais)
Bellucci possui 4 títulos de ATP, só atrás de Guga, claro, que tem 20, e de Luiz Mattar, que tem sete. Não é qualquer coisa – tem mais que Fernando Meligeni, por exemplo, e, claro, mais do que qualquer tenista de sua geração. Aliás, é quase um REI DA SUÍÇA, com três títulos na terra de Federer. O problema é que a sensação é de que poderia ser muito mais se não fossem suas quedas repentinas de produção. Num circuito com tantos bons jogadores, porém, acho difícil ver um lado negativo nessa quantidade.
8. Necessita de estabilidade (mas não se firma com um técnico)
Se Bellucci tem jogo inconstante, deixa a impressão de que se conseguisse manter-se estável dentro e fora da quadra se manteria sempre no top 50. Eu acredito muito nisso. E acho que muito do estilo de jogo de Thomaz tem a ver com isso: não tem uma alma ali para dizer para ele se manter no padrão de jogo escolhido para a partida, treinado e estudado antes? Quando se mantém firme, é difícil segurar. Mas suas trocas constantes de técnico, na minha visão, e posso estar errado, claro, atrapalham isso. Já teve João Zwetsch, Larri Passos, Daniel Orsanic, Francisco Clavet e agora de novo Zwetsch, em parceria até o Master de Miami. Essa troca grande é vista muito em tenistas da WTA que variam tanto ou mais de resultados quando Bellucci. Não acho um bom sinal.
7. Tem ótimo fundo de quadra (mas ama slices aleatórios)
Bellucci tem como seu principal golpe uma esquerda potente do fundo de quadra – e isso incomoda muito no circuito. O problema é que ele esquece esse golpe em determinados momentos do jogo, principalmente quando ele deixa de fazer algo que eu defendo muito que faça: trocar bolas esperando o erro do rival. Querendo acelerar esse processo, aleatoriamente tenta encaixar slices e, meu deus, quantos desses vão na rede? Eu realmente odeio muito quando ele bate de slice, em qualquer momento do jogo. Fica no fundo dando pancada, por favor!
6. Tem boas táticas (mas escolhe mal golpes)
O que nos leva a este tópico só como complemento: ele usualmente encontra táticas boas para cada adversário (não à toa ganhou set de Djokovic outro dia em Roma), mas seu principal defeito em quadra é a escolha de golpes para cada momento. Além dos slices aleatórios, gosta d uma deixadinha. Quando entra, lindo. Quando erra, parece destruir o já instável psicológico dele. Sei que é difícil se manter num padrão por 2 horas, mas se o Nadal consegue, por que não Bellucci (ok, Nadal parece exagerado, mas é sério)?
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5. Boa carreira tenista ''normal'' (mas sofre da pressão pós-Guga)
Bellucci tem 4 títulos, foi número 21 do mundo, está sempre no top 100 desde o meio de 2009 (tirando o período de crise entre 2013 e 2014), terminou quatro temporadas seguidas entre os 40 do mundo, ganhou quatro de seis finais, tem 152 vitórias na carreira e tudo isso com só 27 anos de idade. Não é velho. Tem tempo. E qualquer tenista sonha em se manter entre os 100 melhores por tanto tempo (basta ler a biografia de Guga pra saber o quanto alguém fica feliz a chegar ao top 100). O problema é que Bellucci sofre um problema típico do Brasil: a pressão de ser o melhor em algo após a saída de um ídolo. Exemplo fácil? Rubinho Barrichello, que foi vice do mundo em seu esporte e mesmo assim é criticado até hoje. Bellucci não tem que ser o novo Guga, assim como não precisa ser número 1 do mundo para ganhar respeito. Ele só precisa não cair nessa pressão ridícula de torcedores que acham que o Brasil deve ser o melhor em tudo. Não deve.
4. Já foi herói de Davis (mas o público lembra só dos ''vexames'')
Em 2014, Bellucci derrotou Bautista-Agut (hoje 19 do mundo) e Pablo Andujar para levar o Brasil de volta ao Grupo Mundial da Copa Davis. Em 2013, derrotou John Isner nos EUA após estar atrás por 2 a 1, para empatar em 2 a 2 a série fora de casa. Em 2012, tirou o Brasil do Zonal Americano ganhando seus dois jogos contra a Colômbia. Mas o brasileiro é chato. Ele gosta de criticar. Então o que ele faz? Decora as derrotas, muto com a ajuda de parte da imprensa, e joga na cara após cada resultado ruim (mesmo que seja contra grandes rivais). Não é fácil jogar um jogo 5 na Argentina após seu companheiro perder um jogo de SEIS HORAS, tipo neste ano. Não é fácil ser a única esperança de um time nas simples, jogando com companheiros como, com todo respeito, Tiago Alves e Rogerinho. Tem muita coisa para se relevar…
3. ''O jogo tá ganho!'' (mas aí vem o psicológico…)
A vitória contra João Sousa no título em Genebra mostrou um lado que odos gostaríamos de ver sempre em Bellucci: com uma quebra atrás e 40-0 contra, quebrou o português no segundo set e foi para a virada e para a taça. Quantas vezes não vimos Bellucci simplesmente afundar após uma quebra contrária, ou um erro besta? Para mim, simples: ele sabe o que fazer, ele sabe COMO fazer, mas precisa acertar sempre. Nadal, em sua biografia, diz que esquece o ponto anterior assim que acaba, concentrando no próximo, para evitar que qualquer erro o abale. É no que Bellucci peca. Um erro parece persegui-lo e, em um esporte individual, isso é matador.
2. No desespero ele acorda (mas segue devendo em Slams)
É difícil falar que alguém DEVE EM GRAND SLAMS, já que tratamos do maior evento do tênis. Mas o fato é que ele nunca passou de uma oitava de final (Roland Garros). Em Masters, tirando a épica campanha de Madrid em 2011, também não costuma fazer nada destacável. Mas o curioso é que, quando isso vai mal, ATP 500 vai mal, ATP 250 vai mal e ele despenca, parece acordar: ganha ou chega à final em Challengers tranquilamente. O que isso quer dizer? Que é óbvio que ele está muito acima desse nível de jogo. Só falta saber se manter ao lado de seus iguais e transformar isso em campanhas boas em torneios grandes. Capacidade, tem.
1. Encara os gigantes (mas tropeça nos Zé Ninguéns)
Head to Head contra Djokovic: 3 a 0 Djoko, mas com um 2 a 0 apertado (duplo 6×4) e duas partidas históricas para o brasileiro – a derrota na semi de Madrid-2011, quando vencia por 1 a 0 e tinha quebra na frente no segundo set, e a mais recente em Roma, quando também abriu 1 a 0.
Head to Head contra Murray: 1 a 0 Bellucci, nas oitavas de Madrid-2011.
Tem vitória também contra o Berdych, por exemplo. Contra David Ferrer. Contra Wawrinka.
Mas aí você pensa que vai, e ele perde para Sergiy Stakhovsky, Simone Bolelli, Martin Kliza, Victor Estrella-Burgos, Marsel Ilhan, Frank Dancevic, Matteo Viola… Todos, TODOS piores que ele.
Eu continuo torcendo, porém, porque é legal. Quando ganha, é divertido demais. Calar críticos é um prazer inenarrável.
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