Dentro do possível, devido às poucas transmissões, tenho assistido aos jogos da Copa do Mundo feminina e, sim, tenho me divertido. Austrália 1 x 3 EUA, Suécia 3 x 3 Nigéria e Brasil 2 x 0 Coreia do Sul foram jogos bem disputados e interessantes. Abaixo do nível masculino, porém, é claro.

Para quem não sabe (ninguém sabe, na verdade) eu e o Danilo, para nos formamos, fizemos o TCC sobre futebol feminino: uma série de programas de rádio chamada Craques de Batom, falando sobe o futebol feminino brasileiro e seus dramas cotidianos. Ou seja: não é um gosto de ''moda''. O que não me impede de dizer que o nível é mais baixo que o masculino e que há muita coisa que pode ser melhorada. Não é preconceito: é buscar que algo que eu gosto se torne melhor e atraia mais gente.

10. Nada de campo sintético

Abby Wambach, craque dos Estados Unidos há alguns anos – e que já acabou som sonhos da seleção brasileira de Marta anteriormente -, declarou antes da Copa começar que não conseguia acreditar que TODOS os campos do torneio seriam de grama sintética. Qualquer um que já tenha jogado cinco minutos de society na vida sabe como a bola quica, como você se machuca ao cair, ao dar um carrinho, como o chão é mais duro que a grama natural.

E aí o que a Fifa faz? Resolve testar na Copa feminina, que já sofre com menos divulgação e futebol de mais baixa qualidade, infelizmente. As meninas, então, veem as chances da qualidade diminuir ainda mais sob condições inferiores – e na sua maior competição. Se não vai melhorar, ao menos não estraga, certo? ''Eu duvido que fariam isso no masculino'', disse Wambach. Tá errada?

9. Videogame

Sabe como você combate o preconceito? Jogando na cara de quem é babaca aquilo que ele é contra e ele que se vire para aguentar. Com o Fifa-16 será assim: vai ter time feminino e vivam com isso. Pode parecer pouca coisa, mas não é: sim, joga com os times femininos quem quiser, mas isso não fará mais meninas jogarem? Ou, mesmo que não assumam pros amigos, muitos caras conhecerem mais atletas jogando em casa? E a criançada, não vai curtir ter essa opção? É um jeito de colocar o futebol feminino deforma mais palpável. Não será mais necessário ir atrás de jogos obscuros na internet para conhecer: ele estará ali, disponível ao clique do controle.

8. Jogos grudados com os do masculino

O Santos manda seus jogos no Paulista feminino no CT do clube; o São Paulo manda em um CT em BARUERI. Que torcedor vai acompanhar o time feminino nessas condições? Nem quando a Marta jogou pelo Santos o clube teve a simples ideia de colocar as meninas para jogar como preliminar do masculino – jogo 18h30, que o Santos aparece na tv toda rodada? Meninas jogando às 16h, por que não? Só assim o torcedor se familiarizaria com sua equipe feminina e criaria o costume de acompanhar.

7. Calendário

O tópico anterior leva a esse: sabe o Brasileiro sub-20, ou as Copas do Brasil das categorias de base, que usam exatamente os mesmos times das divisões principais do profissional? Por que não criar torneios iguais no feminino, incentivando (e, até, obrigando) os times a terem o departamento para mulheres? Isso ajudaria a criar um calendário mais duradouro no país – hoje, apenas durante 6 meses há torneios para elas.

6. Promoções para mulheres

Eu lembro quando a Marta foi apresentada no Santos: levaram crianças da rede pública de ensino para a Vila Belmiro para vê-la. O quão difícil é, nos jogos femininos, principalmente se forem preliminares do masculino, criar promoções para evar meninas, ou crianças de graça se entrarem para o primeiro jogo, ou namoradas, enfim? Se for de graça, se diminuir o preço para o jogo de fundo, um monte de gente vai mais cedo. E, ao chegar mais cedo e vê-las, o que ocorre? Identificação.

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5. Arbitragem

No jogo entre Brasil e Coreia as asiáticas ão tiveram um pênalti ABSURDO a favor não marcado quando o jogo estava 0 a 0 – o que poderia mudar o jogo. A árbitra estava longe e não marcou. Erros desse tipo são comuns no masculino, é claro, mas no feminino ocorrem mais – a Copa vem mostrando isso, apesar de que mulheres têm visão periférica melhor que homens, o que deve ajudar. Falta preparação? Faltam jogos importantes constantes para que as árbitras peguem ritmo? Não defendo a inclusão de homens apitando nesse caos, mas claramente falta mais preparo para a arbitragem feminina – e, sobre preparo falarei um pouco mais para baixo.

4. Crianças

Sabe quem é o tipo de gente mais influenciável do mundo? CRIANÇA. enfia desde cedo na cabeça delas o fato de que futebol é para meninos e meninas que elas crescem pensando o quê? Isso mesmo. Criança gosta de criar ídolo: se ela vir a Marta jogando constantemente, quem ela irá idolatrar? Raciocínio simples, mas que parece que é ignorado.

3. Imprensa

Outra maneira de influenciar pessoas no mundo? A mesma que a gente vê na política hoje em dia: se a imprensa falar toda hora todo dia da mesma coisa, defendendo um lado só, todo mundo compra. E falar bem do futebol feminino teria uma vantagem: ninguém teria como ficar à esquerda ou direita disso, não há como criar uma briga polarizada.

Mas aí tá rolando a Copa e o canal aberto mais famoso a transmitir o torneio não passa o JOGO DO BRASIL pra passar programa religioso. O menor aberto passa o jogo, mas corta no meio graças ao horário político. O fechado que passa não transmite boa parte dos jogos, coisa de um ou dois apenas na tv por dia – em rodada com 4.

Eu lembro de um Mundial feminino de basquete, o de 2006, que foi sediado no Brasil. Nem redes sociais existiam forte ainda, então não dá pra falar que foi campanha, mas alguém começou a falar que os jornais deveriam não só noticiar os jogos mas também colocar estatísticas e a escalação dos times. No dia seguinte… a Folha começou a fazer exatamente isso.

Se você dá a capa de jornal, a capa de um site (no mundo todo os países participantes têm feito isso, menos o Brasil) para a Copa feminina, as pessoas VÃO CLICAR, VÃO LER, porque tá ali, exposto. se esconder, ninguém vai pesquisar para saber. Ok, a ditadura é dos cliques: mas se você forçar, expôr, os cliques vêm, nem que seja para que nos comentários apareçam xingamentos – quem xinga, não só leu como deu audiência.

2. Gol menor

Mudar o futebol dentro de campo é algo bem complicado. Mas o futebol feminino tem duas opções claras que o fariam melhor: a primeira é a diminuição do gol.

Muita gente que defende o futebol feminino é contra isso, mas eu não sou. Cansei de ver goleiras que não alcançam o travessão, o que transforma todo e qualquer chute de longe, mas alto, em perigoso, mesma que seja lento. Os pênaltis também são meio tristes: mesmo com o chute mais fraco, a explosão da goleira é baixa, então o usual é só ocorrer defesa em chutes realmente mal dados.

A diminuição do gol criaria duas coisas: mais defesas e mais precisão no chute – precisão e melhor escolha. O que melhora o nível do jogo, que é o que queremos. Não acho que diminuiria o número de gols, e abaixo dou o motivo final para isso.

1. Campo menor

A ideia de diminuir o campo no futebol feminino não é nova, e eu assumo não saber se as mulheres que jogam gostariam disso. Mas eu defendo. Primeiro, porque isso não tornaria pior para acharmos campos para que elas pratiquem: que se pinte as linhas dentro do campo tradicional, como fazem com rúgbi e fut. americano. Depois, isso ajudaria em uma variação enorme de quesitos técnicos (inclusive o gol menor, já que o jogo ficaria mais compactado e diminuiria o número de chutes de muito longe).

O jogo EUA x Austrália na Copa deu bons exemplos: a Austrália, time inferior, teve um ótimo toque de bola na primeira etapa, envolvente e rápido. No segundo tempo, morreu fisicamente, e os EUA, mais preparados, abriram vantagem. O campo menor diminuiria o cansaço, já que a correria seria em um espaço menor. Além disso, a explosão feminina, menor que no masculino, seria melhor utilizada, em piques curtos.

Outra coisa que diminuiria seriam os lançamentos logos. Todo time feminino na Copa abusa de lançamentos que, geralmente, são cortados pela zaga facilmente. Com o campo menor, os lançamento perderiam utilidade, e o toque seria muito mais válido, quase como no futsal.

A arbitragem também seria favorecida: menos campo para correr, maior aproximação em todo lance.

A comparação parece esdrúxula, mas pense: jogos de criança, ou na sua pelada com amigos, o campo menor não impede que 11 caras estejam em cada lado. Porque o físico do amador é muito pior do que o profissional, então os espaços ocupados são menores por cada jogador. No feminino isso também é fato (não à toa a seleção brasileira profissional feminina perdeu um amistoso para o Red Bull masculino sub-15 por 3 a 1 em maio). O campo menor não tiraria a habilidade, os lances bonitos, forçaria um toque de bola mais apurado e diminuiria lances e gols feios. Não ajuda?

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