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10 exemplos de que torcedor visitante sofre no Brasil

Felipe Noronha

É praticamente uma lista investigativa. A gente só descobre os verdadeiros problemas quando se infiltra, e não perguntando. Resposta, cada um dá a que quer. Só estando lá no meio sabemos a verdade. Então, para poder fazer essa lista, estive como visitante em todos os grandes estádios de São Paulo e em outros do país e do mundo.

Sempre como visitante, independentemente do jogo. E é assim que fica claro que gostar de futebol nesse país é duro. Não há estádio em que não existam problemas para quem quer acompanhar seu time fora de casa.

Apu Gomes/Folhapress

Apu Gomes/Folhapress

10. Transporte 

Em São Paulo é praticamente impossível usar a camisa do seu time em dia no qual ele é visitante. Se você vai ao jogo, então, só com muito truque para poder usá-la dentro do estádio. Como para chegar ao campo fatalmente você passará por muita gente da torcida do adversário, qual a chance de algum deles não querer te bater simplesmente pela camisa que vocês está usando?

No metrô é certo que os vagões estarão tomados pelos rivais. Ônibus, idem. Carro? Terá que estacionar longe e ir andando no meio dos rivais.  O jeito é colocar uma blusa cobrindo, ou colocar a camisa dentro da bermuda. Mochila? Arriscado. Vai que um doido te para e te obriga a abri-la?Acontece.

Reprodução/Youtube

Reprodução/Youtube

9. Lugares inóspitos

No Pacaembu, a entrada de visitante é completamente cercada pelas entradas adversárias. Não há como você não passar pelo meio de rivais para entrar no canto entre o tobogã e as cadeiras cobertas. Mas há como diminuir o tempo do encontro.

É que, após a descida do metrô, no começo da subida para a entrada pelo lado esquerdo, a polícia, em clássicos, fecha a rua. Então o torcedor visitante precisa SUBIR UM PEQUENO MORRO para chegar à rua de cima e descer pelo outro lado. Ou seja, se não bastasse a situação ridícula, a chance é grande dele, enquanto sobe o morro, ser cercado por rivais. Vai vendo.

Geraldo Bubniak / Fotoarena

Geraldo Bubniak / Fotoarena

8. Entrada perigosa

Continuando o tópico anterior, é normal que as entradas para visitantes sejam perigosas. No Itaquerão, o visitante que vai sozinho (ou seja, sem a escolta que a PM faz para torcidas organizadas) ou sobe a RADIAL LESTE A PÉ NA CONTRAMÃO para dar a volta no estádio e entrar por trás, no setor sul, ou anda no meio da torcida do Corinthians e, SUBITAMENTE, se torna o único no meio de milhares de corintianos a não seguir para a entrada principal e desviar o caminho para o fundo. Ou seja todo mundo ali sabe que você é torcedor rival.

No Morumbi, a entrada para visitantes é via uma das maiores avenidas da cidade, a Giovanni Gronchi, ou via ruas estreitas. Em qualquer um dos cantos, o visitante é alvo fácil.

Na Vila Belmiro, a entrada de visitantes é cercada por casas, já que o estádio é no meio de um bairro residencial sem vias largas o separando das casas. Assim, o setor é completamente cercado por ruas cheias de torcedores da casa. Por mais que a polícia feche alguma, para chegar nela o torcedor andará no meio dos rivais, fatalmente.

Tem também o caso do estádio do São Bernardo, em São Bernardo do Campo, ou o do Barueri, em que o visitante precisa passar por uma favela para chegar ao seu setor. Por mais que a frase pareça preconceituosa, infelizmente temos noção de que muitos desses locais são perigosos.

Junior Lago/UOL

Junior Lago/UOL

7. Qualquer um pode querer brigar

Uma vez estive em Piracicaba para assistir, no setor visitante, um jogo contra o XV de Piracicaba. Com amigos, fomos conhecer a entrada principal do estádio, já que, em teoria, nenhum torcedor do XV iria querer briga.

Ledo engano. Não deu meio segundo um grupo de torcida organizada ''''''MANDOU'''''' a gente se retirar do local e ir logo para a rua da entrada dos visitantes. Qualquer torcida tem gente disposta a brigar. Não há estádio seguro para o visitante.

Reprodução

Reprodução

6. Pior lugar do estádio

Digamos que você passou por tudo isso e entrou. Beleza. Poderá curtir um joguinho. Em teoria.

Porque o visitante, usualmente, é relegado ao pior lugar do estádio. No antigo Parque Antártica, por exemplo, o visitante ficava de frente para a PISCINA do clube, atrás do gol À direita das cabines de tv/rádio. Já voltei com torcicolo de lá (SÉRIO).

Mas o melhor exemplo estava na antiga Arena da Baixada, estádio do Atlético-PR, pré-reformas para a Copa do Mundo. A foto diz tudo – só exemplificando o quão pode ser ruim, sabemos que não é o setor do visitante:

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5. Clube some com ingressos

Em clássicos, é comum o mandante repassar os ingressos de visitantes para a diretoria do outro clube, para que a venda seja em pontos afastados e que brigas sejam evitadas. Ótimo. Teoricamente.

O novo estádio do Corinthians é o exemplo perfeito de como isso vem dando errado. No Brasileiro, em jogo contra o Palmeiras, o palmeirense pôde achar ingressos no Pacaembu. Ótimo.

Mas o santista, no último domingo, viu a diretoria não anunciar que seria a responsável pela venda de ingresso. Mais do que isso, distribuir TODOS para torcidas organizadas e excursões pagas do clube organizadas pela agência de viagens oficial. Se alguém me dizer que isso é certo, eu desisto.

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4. Torcidas organizadas ganham ingressos

Ou seja: ou você é de torcida organizada, ou vai em caravana de torcida organizada, ou tenta comprar de uma torcida organizada mesmo não sendo dela para conseguir ir a um jogo. O quão errado é isso? Para quem vai o dinheiro? Por que as organizadas têm preferência?

Leandro Moraes/UOL

Leandro Moraes/UOL

3. Escolta policial só para torcidas organizadas

Bom, há uma ''''''VANTAGEM'''''' neste caso: se você for de organizada terá ESCOLTA POLICIAL PRÓPRIA até a porta do estádio. Veja, eu entendo que se não houver acompanhamento policial a chance de confronto com rivais é enorme.

Mas e o torcedor comum? Segue largado e tendo que se virar? Aí apanha na rua e a polícia diz simplesmente que não era de organizada, então ela fez seu trabalho que era evitar o conflito entre elas. É brincadeira, palhaçada ou ironia?

Bruno Poletti/Folhapress

Bruno Poletti/Folhapress

2. Hora de ir embora

Pode parecer piada, mas digamos que você tenha conseguido entrar, já viu o jogo e tem certeza que o pior j[a passou. Nada. A hora de ir embora é outro inferno.

Em clássicos, provavelmente a polícia te manterá durante uma hora dentro do estádio. Após a liberação, nada impede de que você dê de cara com a torcida organizada rival, que pode ter armado emboscada durante essa hora em que, na teoria, você é mantido dentro para que o resto vá embora logo.

E se liberado rapidamente, cairá no meio da torcida rival de qualquer maneira, já que em algum ponto, nem que seja no transporte público, acaba a existência de policiais. E aí? Está com a camisa? Esconde…

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1. Polícia tira sarro

Mas a posição número 1 da lista fica com uma frase que ouvi uma vez a caminho de um jogo como visitante. Sem saber onde era a entrada, pergunto para um policial qual caminho deveria tomar, discretamente, para que ninguém da torcida da casa perto ouvisse.  O que ouço? ELE BERRANDO: ''PORRA MANO CAIU NO NINHO DAS COBRAS''. Legal, seu polícia, legal, brigadão por avisar a rua toda que eu sou visitante.

Esse é o preparo da polícia brasileira, escancarado na maior paixão nacional.

*Falando em torcedores, no vídeo abaixo comentamos sobre os tipos que encontramos em estádios!